Da Ku Damm para o bloco de rua

O monitor parecia cada vez mais distante. Seus olhos davam sinais de cansaço, então, para descansar um pouco as vistas, Clara desviou os olhos da tela à sua frente, girou a cadeira e ficou observando a vista de sua janela: Ku Damm, ou Kurfürstendamm, o centro da antiga Berlim Ocidental, fervilhando com a hora do almoço, pessoas indo e vindo sem parar. Seu aparelho de som estava ligado, músicas de casa, de uma eterna coleção que realmete parecia não ter fim, espetava os pen drives naquela caixinha e deixava o som rolar até a hora de ir embora. Tinha de tudo um pouco, do pinico à bomba atômica, como dizia um amigo da faculdade. A faixa musical muda e seus ouvidos percebem uma conhecida marchinha de Chiquinha Gonzaga: Ô abre-ala Que eu quero passá! Eu vim de longe Não posso negá Ô abre-ala Que eu quero passá! Minha morena Vou contigo estar *** Sou do mar ê ê Sou do mar ê a Arreda, rapaziada Meu cordão vai passá! Sou do mar ê ê Sou do mar ê a Eu vim de muito longe Eu não posso negá! Sou do...