quarta-feira, 9 de abril de 2008

Festa

Rafael fora a festa sozinho, seu amigo Miguel disse que não poderia ir dessa vez.

“Cara, vou sair com uma gata que conheci há algum tempo indo pro colégio!” Dizia o amigo todo contente! “Tudo bem né, melhor ir sozinho mesmo, o bilhete já ta comprado!”, pensava o garoto.

Era a festa gótica mais badalada da cidade, eles tinham ido à edição anterior, é, terceiro ano, 18 anos, parece que a vida adulta ta batendo à porta... Divertiram-se muito e Rafael achou que iriam repetir a dose, nesse segundo semestre. Não, dessa vez teria de ir sozinho. Realmente é chato ir a uma festa sem o camarada, o irmão pra escutar as besteiras que a gente diz, ou simplesmente estar por perto pra dar uma brecada na nossa cota de álcool!

Pensativo, encostado de costas pro balcão e de frente pra pista de dança ele tentava encontrar algum rosto conhecido no meio das pessoas que dançavam ao som de Nightwish. Encontrou alguns conhecidos sim, algumas garotas do colégio, uns colegas do curso de informática, mas se sentia meio deslocado.

Estava mais uma vez perdido em pensamentos quando avistou uma garota no meio da pista. Ela vestia um corpete trançado do decote até a cintura, suas mangas eram esvoaçantes e junto com a saia, também trançada nas laterais e comprida até o meio da canela, parecia pairar sobre a pista, movimentos delicados, ao som da música. Sua pele alva contrastava com a negrura de seus cabelos longos até a cintura e com duas tranças finas nas laterais que se encontravam perto da nuca. Sua maquiagem delineava e realçava seus olhos. Seu batom preto modelava uma boca delicada.

O rapaz se sentiu mais solitário ainda, percebeu que se chegasse perto da garota e levasse um “toco” não teria ninguém pra reanimá-lo, ou até mesmo curtir com a cara dele. Mesmo assim, ele tomou coragem e atravessou a pista na direção da moça que parecia alheia ao olhar daquele garoto magro, ligeiramente alto e com mechas azuis no cabelo negro e liso.

Ele chegou perto e começou a dançar. A menina reparou na presença dele, e ao contrario do que ele esperava, ela não tentou isolá-lo com as amigas que a acompanhava. Enquanto dançavam, trocaram olhares. O coração de Rafael parecia acelerar cada vez mais. Trocaram sorrisos. “Será que ela se interessou?” pensava enquanto admirava o corpo curvilíneo da garota.

A música mudou de rítimo, a moça e as amigas foram em direção ao balcão do bar. A garota olhou para Rafael e sorriu. Ele olhou um pouco de onde estava e resolveu ir para lá também.

_Olá! _disse ainda que timidamente.
_Oi! Tudo bem?
_Sim! Meu nome é Rafael e o seu?
_Branca! Ta gostando da Festa?
_Sim, ainda mais depois que te vi... _ As palavras quase não saíram.
_Haha, você é gentil! Além de Gatinho!

Sua face morena queimou. Não estava acostumado a ser elogiado, ainda mais por uma garota linda como aquela.
_Ah, você que está sendo gentil agora...
_Hehe, então Rafael, o que você faz, estuda, trabalha?
_Estudo, terceiro ano, no pré-vestibular, também faço curso de informática, programas gráficos e trabalho de webdesigner.
_Ahh, tenho um “nerd” como companhia hoje? _Ela disse isso com um sorriso e uma piscadela. Provavelmente qualquer outra pessoa o chamando de nerd o teria insultado, mas era claro o tom de provocação e brincadeira por parte de Branca.
_É, acho q sim, você se importa? Eu deixei meus óculos e o aparelho ortodôntico em casa hoje, acho que não iria combinar muito com a festa!
_Hahaha! Você não parece usar aparelho, tem o sorriso perfeito!
_Não mais que o seu, Branca... Dá vontade de ver mais de perto...

Rafael se aproximou de Branca, o coração batia tão forte que ele não sabia se era a bateria do Rammstein ou era ele naquele rítimo. Branca se encostou suas costas no balcão e deixou o rapaz chegar mais perto. Rafael procurou os olhos de Branca, estavam a sua frente, eram castanhos claros e a maquiagem preta realçava ainda mais o desenho que já era lindo. O perfume da garota era delicioso, se deixou envolver por aquele instante. Encostou seu corpo no dela, que logo já passava os braços por cima dos ombros do rapaz. Rafael provou do sabor da boca de Branca.

Depois do beijo, ainda olhando os olhos castanhos da moça ele pensou, “Não foi tão ruim vir a essa festa sozinho!”

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