segunda-feira, 27 de junho de 2011

Nada



O oco do espaço envolto em vácuo
Hermeticamente trancafiado ao redor do nada
Tardiamente possuído por coisa alguma
Precipitado sobre a vã existência pueril
Descabido de sentido sabe-se lá de sentimento.


Nada


Nada existe, como tudo um dia existiu,
Ou seria apenas a ausência de tudo que a ele originou?
Realmente isso faz alguma diferença?
O que retorna ao interlocutor, nem eco se parece.
No nada, no vácuo, o som não se propaga.


Nada


Nada pode ser interpretado neste vazio de contexto
Neste vazio de amor, seja próprio ou de outrem.
Sem nexo, sem vida, sem o sopro, a chama!
Sem o sinal divino a habitar este espaço.
Como pode haver tal lugar?


Ele existe, eu o sinto, eu o toco.
É sólido, é duro, é pesado.
Arrasto com correntes este fardo
Criação minha em absoluto
Uma invenção diabólica a me consumir
Cada fibra, cada momento.


Sofro com tudo que existe dentro deste nada.
Uma antítese paradoxal.
Pois se é o nada, pois se não há existência,
Como pode haver algo lá, como pode pesar tanto?


Não há nada, além do vácuo
Pois só eu percebo o que há,
Só eu vejo o que ninguém mais vê.
Apenas o pobre sonhador e viajante exaurido
Pela jornada que ele mesmo inventou
É capaz de ver algo que não existe,
Ou será que há?


Pode algo existir a partir da crença de um único ser?
De joelhos com os olhos embaçados
Pobre viajante desprovido de esperança
Chora copiosamente sobre o tudo que pode ser nada.

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