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Ressonâncias

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  A chuva veio, enfim, mas mansa. Garoa fina no vidro da janela. Miguel estava sentado no chão do quarto, encostado na cama, o notebook ao lado, ainda ligado mas em modo de descanso. Tocava baixinho uma playlist de músicas instrumentais que ele costumava usar para trabalhar — mas há quase meia hora ele não digitava nada. Na tela do celular, a última mensagem: Bia: "Foi especial te reencontrar hoje. Até breve, Miguel 🌿" Ele sorriu com a delicadeza do emoji. Havia algo em Bia que mexia com ele de um jeito novo e antigo ao mesmo tempo, como uma lembrança não vivida. Algo pulsava dentro dele, e não era só atração — era vontade de conhecer mais, de não deixar passar. Mas isso não podia crescer escondido. Respirou fundo e se levantou e foi ver Karla. Ela estava no Consultório improvisado de sua casa, arrumando alguns cristais em uma prateleira. O cheiro de incenso de mirra pairava no ar. Ela vestia uma camiseta larga com a estampa do Dead Can Dance e tinha um láps preso entre os...

Reencontro

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  O céu sobre o centro da cidade estava de um cinza vívido, como se ameaçasse chover sem querer. Miguel caminhava com a mente ainda presa à reunião que acabara de ter. O cliente parecia satisfeito, mas ele ainda repassava mentalmente os pontos discutidos. Vestia uma camisa preta de linho, uma calça jeans escura e o inseparável par de fones, um deles pendendo no pescoço. Carregava a pasta com os esboços de identidade visual do novo site que estava desenvolvendo. Dobrou a esquina da Rua Vinte de Setembro apressado, desviando de uma senhora que descia do ônibus, e foi ali, entre o passo rápido e o zigue-zague habitual do centro, que esbarrou levemente em alguém. — Perdão! — disse automaticamente, olhando para frente. — Miguel? Ele parou. A voz... ele conhecia aquela voz. Virou-se, o coração batendo um pouco mais rápido, e seus olhos encontraram os dela. Bia. Ela sorria, surpresa, os cabelos mais curtos agora, com ondas leves moldando o rosto e sua cor bronze brilhava com a pequena nes...

Cântico de Shakti e Shiva: o rito dos que se encontram

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Encontro tua alma que segue meu perfume, que por ti é derramado e inunda o ambiente tal qual mirra acesa. Serei teu recanto reconfortante, e te faço minha fonte, onde beberei até saciar a sede. Tua sede me santifica, tua boca me consagra. Sou jardim onde teus passos escrevem caminhos com desejo. Me entrego sem reservas, e em ti me torno casa, altar e chama. O caminhante se torna abrigo, a chama que tu viras acende meu archote. O calor propaga por todos os lugares: incenso, água, sombra e fogo. Nosso encontro destrói e cria — divino encontro, divina companhia. De ti nasce o templo e o trovão, na tua presença, meu corpo é revelação. Somos o mito e o milagre, o fim e o reinício, dançando entre os elementos como deuses em êxtase antigo. Invoco a Shakti a encontrar Shiva, compartilhando toques e provocações. Deidades nos tornamos nesse círculo sagrado, erguido em nossa alcova hoje e sempre. Toco o céu na curva do teu abraço, e nele me desfaço em estrelas e gemidos. Sinto teu toque parar o t...

Quando o Spuk tenta entender a Flárria Fênix

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Quando o Spuk tenta entender a Flárria Fênix… mas ela queima mais que vela de 7 dias. 🔥🖤 #CalorSobrenatural #ConjuroVertical  

O dia em que não sabíamos que era o último

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  Estávamos exaustos. Não daquele cansaço que reclama do corpo, mas daquele outro, o que pesa na alma e alivia nos detalhes. Foi depois de mais um dia de trabalho puxado que dividimos uma pizza qualquer — não lembro o sabor, mas lembro a partilha. E isso basta. Sentamos, talvez deitados, e colocamos Pobre Criatura pra rodar. Não vimos o final. A gente dormiu no meio, como quem entende que o descanso também é uma forma de amar. Os corpos se encontraram na calma, e o sono chegou como abraço e assim nos entrelaçamos. No dia seguinte, café na mão e sorriso nos olhos. Beijos múltiplos como vírgulas dizendo: "volto logo", mesmo que a história estivesse na última página. E foi. Foi a última vez que a vi. Ela partiu sem alarde, como um meteoro que risca o céu só uma vez. Mas deixou em mim risos, conchinhas, amor e uma memória que, de tão viva, parece inventada por um coração que sonha demais. Desde então, a vida seguiu como ela costuma seguir: tropeçando nos dias, distraindo-s...

Encontro com o passado

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  Cemitério da Consolação: onde o passado flerta com o presente! Spuk só queria fotografar uns túmulos históricos… mas parece que uma certa estátua resolveu dar um piscar de olhos fúnebre . 👀 Ainda bem que Lieska tá sempre pronta pra cortar com humor afiado e charme sombrio. O susto foi tanto que a Câmera até sumiu! 📸 #Spuk #Lieska #TurismoMacabro #HumorDoAlém #CemitérioConsolação #QuadrinhoBR #GóticoSuave

Lieska e Spuk na Av. Paulista

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  🌧️🖤 Em meio à garoa cinza da Av. Paulista, Lieska e Spuk descobrem que até um café gourmet pode carregar o peso existencial de uma alma penada. Humor sombrio, reflexões urbanas e gotas de poesia no asfalto. 🖤🌧️ #LieskaeSpuk #GóticosEmSampa #HumorSombrio #HQIndependente