quinta-feira, 5 de maio de 2011

Desespero



A porta bateu com um baque surdo e o silêncio se instalou dentro daquela casa. O som de uma bolsa caindo ao chão perturbou a paz aparente que pairava naquele lugar. Lagrimas corriam pela face dela. No aparador poder-se-ia ver os títulos de cobrança. Devia uma soma absurda aos bancos. Dívidas de tudo que era tipo, cheque, Cartão, empréstimos... Tentava sem saída tapar um buraco fazendo outro. Perdera o controle, o controle da própria vida. Em sua mente ecoava às ultimas palavras escutada pelo ultimo chefe:


“Não posso continuar contigo na minha equipe! Há muito tempo você tem deixado de cumprir com suas tarefas. Esperei que fosse um momento difícil, mas não tenho como esperar mais! Está demitida!”


Sem emprego, sem dinheiro e também sem família. O pai, só Deus sabe quem é e a mãe a largou aos cuidados de uma prima quando ela tinha apenas 3 anos. A prima bem tentou fazer o papel de mãe, mas chegou muito longe...
Relacionamentos? Já tem 3 anos que não sabe o que é sentir um carinho de alguém que ama ou que ao menos aparente se importar.


“Onde eu perdi minha vida? Em que lugar eu tomei o rumo errado e vim parar nesse lugar escuro?”


Dor e lamento, apenas dor e lamento se passa nessa mente vazia de amor. Ela se encolhe junto a uma parede e chora como se assim toda a dor que a domina pudesse ser expurgada de seu ser. Parece ser em vão.


Perdera a noção do tempo que passou ali derramando sua dor e se vê com o rosto colado ao chão, onde uma poça de lágrimas se formou. O frio do piso de madeira não a incomodava. O que realmente a incomodava era saber que sua parca e insignificante vida não faria falta a qualquer ser. Nem um peixe ela tinha em casa, nem uma planta.
Sua visão se turvou e ela decidiu que aquela seria a hora de dar fim a sua dor.
Esvaziou várias cartelas de calmantes e engoliu cada comprimido como se essa fosse a verdadeira saída.
Deitou-se na cama sem nem tirar os sapatos.
O sono veio se aproximando, parecia que Morfeus a buscaria para vivenciar sonhos. Ledo engano. Desta vez sua viagem seria com Caronte.

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